quarta-feira, dezembro 01, 2004

Do tempo que blockbuster era arrasa-quarteirão

Qual o melhor disco brasileiro da última década? Qual a melhor banda que já apareceu por essas bandas? Quem é o autor mais talentoso da música pop brasileira?

Enquanto as revistas, os jornais, e a sua avó torta acham que vale a pena publicar uma nota sobre o disco solo do George Israel, tem gente ouvindo os sons que realmente fazem por merecer. Não há nada tão desnecessário quanto uma Cachorro Grande. Não existe música mais brega do que qualquer uma dos Detonautas. E a única música legal do Jota Quest é aquela que a tua empregada curte.

Os dois discos essenciais da música feita no Brasil durante a última década são ao vivo. Chega de Silêncio (2000), do Kiloucura, e Momentos (2001), do Belo.


Comecemos pelo Kiloucura. Délcio Luiz, vocalista e compositor, é o fino da bossa do pagode modinha. As canções mais dolentes e românticas do país são dele. Veio do Grupo Raça, que fez muito sucesso no começo dos anos 90. Desmanchou a banda e montou seu próprio projeto, o Kiloucura. Novamente estourou, com hits instantâneos como "Meu casamento", "Pela vida inteira", dentre outros. Apesar da vida curta (dois discos de estúdio, dois ao vivo), a banda é um marco no cenário nada alternativo. Délcio, uma espécie de Leandro Lehart da divisão de acesso, provavelmente enriqueceu seu empresário ao escrever hits atrás de hits para as mais variadas bandas da cena, como Travessos e Exaltasamba. O disco ao vivo em questão é um respeitável apanhado de sucessos, tanto da própria banda, quanto das canções gravadas por outras bandas. Destaque para o pout-porri matador 'Tudo fica blue / Supra-sumo do amor'. De chorar.


'Tudo fica blue' foi um dos maiores hits da antiga banda do hoje encarcerado Belo. Soweto foi outro divisor de águas do pagode modinha. O visual de Belo virou mania entre os mais aficcionados, para depois virar piada entre a classe média espertalhona. Antes um Belo traficante que um Chorão cheirador, vos digo. A carreira solo do garoto é verdadeiramente um sucesso. Dá um prosseguimento natural ao que vinha sendo construído no Soweto - que, diga-se de passagem, lançou um disco horroroso com outro vocalista. Belo é um cantor talentoso, e é nesse 'Momentos Ao vivo' que chega ao auge de sua carreira. Dos clássicos de sua antiga banda ('Farol das estrelas', 'Derê'), passando por sua própria fase como solista ('Tua boca', 'Tempo de aprender'), mandando ver em clássicos do pai do pagode, o samba ('SPC'), e visitando até a MPB de Djavan ('Lambada de serpente'), é um disco que mantém o pique do começo ao fim, sem nenhum momento sequer mediano. Uma pena que o garoto tenha se tornado uma espécie de Lobão do século 21, já que suas enrascadas ocupam mais ouvidos do que suas músicas.

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Esse foi só o começo. Nos próximos episódios vamos dissecar a obra de outros artistas que, infelizmente, tudo o que têm na mídia não passa de releases mal escritos. Pega uma gelada e para com esse preconceito bobo.

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